top of page
Buscar
Foto do escritorDaniel Mattos

Design e os 5 Sentidos

Eu como estudante de design e aspirante a ilustrador sempre me foquei muito na parte visual de meus trabalhos. Estudos de cor e composição, assim como dos fundamentos do desenho (anatomia, luz e sombra, perspectiva) sempre fazem parte da minha rotina e preocupações na hora de projetar algo. Não que eu não me importe com os demais sentidos além da visão. Já estive em projetos nos quais participei da produção de vídeos, por exemplo, e obviamente me preocupei em criar uma boa experiência sonora para o usuário. Também já estive em um projeto mais voltado para o design de produto no qual me preocupei em como seria o encaixe do produto na mão da pessoa, ou seja, como seria a relação do produto com o sentido tátil do usuário. Mas minha preocupação principal sempre é a visual. Mas sei que o design vai muito além disso!

Como é possível ver nesse vídeo, um homem chamado Jinsop Lee realizou um estudo a respeito da relação dos 5 sentidos com as experiências de vida. Ele criou uma gráfico que representa o quanto de cada sentido foi estimulado em determinada situação e ele usa isso para mostrar porque determinadas ações são mais interessantes que outras e também por que certos produtos de design são mais interessantes que outros. A resposta pode se encontrar no fato de que certos produtos vão muito além do visual. Estão muito além de ser bonitos e agradáveis aos olhos. Eles podem ter uma textura agradável ao toque, fazer um som relaxante, possuir um odor agradável e quem sabe até um gosto bom (eu ouvi cake design?).

Ao ver esse vídeo começei a pensar em como o design pode se relacionar com os cinco sentidos. Vamos por parte, um por um.


Visão: Arrisco dizer que esse é o mais fácil de ser respondido afinal, como já disse antes, é o que sempre está na minha cabeça na hora de projetar devido meu lado ilustrador. O sentido da visão está presente em quase todos os produtos de design, sejam aqueles no qual ela é o único sentido afetado como uma ilustração em um banner de um site ou em algo mais complexo e que envolve outros sentidos como liquidificador. Nesse último exemplo nós temos diversos outros sentidos envolvidos como o tato devido ao contato físico com o produto e a audição por conta do barulho que esse produto faz. Mas isso não anula a parte visual. Afinal, muita das vezes o que faz a pessoa escolher um liquidificar na loja e não outro é a beleza.


Olha que belo liquidificador de base vermelho

cromado. Vai falar que o visual não atrái?

Audição: Seguindo com os sentidos vamos falar de audição. Que produto podemos pegar de exemplo para mostrar a interação do usuário com o som? O liquidificador, claro! Afinal, de que adianta ser lindo visualmente, ter um formato super ergonômico, leve, fácil de lavar mas fazer tanto barulho na hora que está ligado que ninguém aguenta ficar perto? Nesse caso, o designer precisa se preocupar em criar um produto que seja funcional (que liquidifique as coisas, no caso) e que não faça mal ao usuário, que não gere incômodos, e a preocupação com o som deve sim estar na lista.

Mas se quiser falar de algo mais específico da audição, podemos citar o sound design. Área do design exclusivamente voltada para o desenvolvimento de sons. Muito presente na criação de jogos no qual o profissional fica responsável por desenvolver os efeitos sonoros de cada ação do jogador, dos inimigos, dos menus, etc.


Imagem meramente ilustrativa para falar sobre sound desing. Afinal a imagem está

afetando sua visão e não sua audição. Se quiser algo mais "sound" para ilustrar

esse tópico clique aqui.


Tato: vamos agora falar sobre o toque, sobre o contato físico. Esse sentido pode muito bem ser atribuído ao design de produto que é aquele que desenvolve coisas com as quais as pessoas vão interagir fisicamente, como um liquidificador por exemplo. Mas não para por aí. Muitas outras áreas do design, querendo ou não, também se relacionam com o tato do usuário. Um game designer por exemplo, ao projetar um jogo digital (que muitos podem achar que só se relaciona com o usuário por meio da audição e visão) precisa saber qual tipo de controle o usuário estará usando para jogar esse jogo. Além disso, ele precisa levar em consideração ao limitações físicas do controle e do próprio usuário. O game designer não pode, por exemplo, projetar um jogo que para realizar determinada ação o usuário precise apertar 12 botões de uma só vez tendo em vista que temos apenas 5 dedos em cada mão. Isso mostra que, apesar do controle de video game ser resultado de um design de produto, a relação tátil também afeta o jogo que ele será usado para jogar mesmo esse jogo sendo puramente digital.

Já pensou que loucura, meu amigo?


Oufato: agora sim chegamos em uma área bastante diferenciada para mim. Sem dúvidas, em todos os projetos dos quais participei nunca passou pela minha cabeça a questão "Ah mas e que cheiro vai ter isso?". Por conta desse sentido ser pouco explorado na minha área torna-se até um pouco difícil pensar em algo que o explore. Mas rodando pela internet consegui encontrar um exemplo muito interessante: um relógio de cheiros. Funciona da seguinte forma, são cinco lentes com cinco substâncias aromáticas. Essas lentes ficam posicionadas de forma que a cada determinada parte do dia o Sol atinge uma lente diferente. Essa lente então solta um feixe de luz que aquece uma seterminada substância e libera determinado odor. Dessa forma, a cada parte do dia o relógio libera um cheiro diferente. Inusitado, não?


Bem diferente de qualquer relógio que você já viu antes, aposto.


Paladar: por fim, temos o paladar. Sentido responsável pelos gostos que sentimos ao colocar algo na boca. Existe alguma área do design que explora isso? Bom... agora vamos entrar um assunto polêmico. Existe uma área chamada cake design ou, se preferir, design de bolos. E por que isso é polêmico? Isso é polêmico porque muitas pessoas se apropriaram do termo "design" apenas porque fazem bolos bonitinhos e se intitularam "cake designers" ou "designer de bolo". Dentro da academia de design muitas pessoas não gostam dessa apropiação pois veem isso como uma banalização de sua profissão. Mas, deixando as questões complicadas de lado, vamos levar em consideração a relação do bolo com o paladar. Sendo ou não sendo cake design uma área do design, precisamos reconhecer que usar o paladar pode sim ser uma forma de fazer design.


E aí? Cake design é ou não é design?



12 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page